Sobre querer mas não conseguir desistir

Lá em meados de março desse ano tive a louca brilhante ideia de fazer cursinho pré-vestibular. Último ano da faculdade - graçassss a deus - e, como ansiosa que sou, esperar mais um ano para fazer o curso dos meus sonhos estava fora de cogitação. Minha mãe costumava me dizer com certo ar de reprovação - que por sinal, eu não condenava e até concordava - que eu vivia querendo fazer tudo ao mesmo tempo e acabava não fazendo nada. Mesmo um pouco chateada, sempre concordei com isso, por isso, nessa altura da vida, resolvi que ia mudar, mas me peguei em 2015 fazendo 35864125 coisas. Vida que segue. Talvez aos 25 anos eu consiga, espero, mãe.
A questão é que desde o início eu sabia que não seria fácil, seria do caralho. Tinha total noção de que no segundo semestre eu estaria descabelada por causa do TCC, estágio, projeto de iniciação científica, trabalhos e o tal do vestibular - que mesmo depois do terceiro ano e uma quase graduação, ainda assim é temido. Mas eu peguei o lápis, estudei as possibilidades e resolvi que deveria arriscar. Sabia que o cursinho não seria prioridade, pelo simples fato de que se eu não estudasse para as provas da faculdade e/ou não apresentasse meu TCC, não conseguiria me formar e consequentemente de nada adiantaria estudar para o vestibular.
Mas é claro que os dias cinzas iriam chegar e os planos e projetos poderiam fracassar. Se em julho/agosto eu já estava de saco cheio de tudo, imagina a vibe errada que chegou em setembro juntando o cansaço do universo e tudo o mais. O cursinho foi a primeira coisa que me veio à cabeça em quesito de liberação de horas para sobreviver com um pouco de sanidade mental, mas ao mesmo tempo o coração doeu. Apertou, de verdade. Lembrando que vou ao cursinho todos os sábados, das 9h às 20h - quando crio forças e vergonha na cara para ir à aula extra que é das 9h às 11h30. Foi impossível não criar laços, mesmo a sala sendo composta a maioria por pessoas bem mais novas que eu e pelo fato de eu estar ficando velha e ranzinza e isso incomodar sometimes, eu fiz amizades que sei que irão ser pra sempre. E eu criei laços com os professores, o que doeu ainda mais na decisão de continuar ou não com o cursinho.
E eles são incríveis. Talvez o meu amor pela profissão - sim, farei Pedagogia e hoje até me peguei pensando em fazer Letras também <3 - me deixe com os olhos brilhando por cada professor que entra naquela sala, mas eles realmente sabem ser maravilhosos, cada um com sua particularidade. Claro que as aulas em cursinhos são diferentes, pelo fato de que eles fazem piadas, nos fazem rir até chorar, encontram inúmeras formas de chamar a atenção dos alunos, além do foco ser algo específico como o vestibular - não que eu não ache que as aulas na escola ~~normal~~ não deveriam ser com foco nesse puto do vestibular também.
O meu professor de Geografia no cursinho, por exemplo, é INCRÍVEL. James - esse é seu nome e eu me pergunto se é verdadeiro - é gigantesco, eu morria de medo dele nas primeiras aulas. Lembro que na primeira aula que tive com ele cheguei atrasada e precisei sentar bem no fundo da sala, pois quem chega atrasado leva na cara na questão de querer sentar na primeira fileirinha, hehe. Pois bem, ele falava alto demais, ele era alto demais, ele GRITAVA. Mas desde então eu amo as aulas de Geografia e já aprendi tanta coisa que nem sei, mesmo não conseguindo estudar em casa. Mas James vai além das aulas sobre rochas e mapas, ele fala sobre preconceito, injustiça, desigualdade social... ele nos faz PENSAR. Ele faz adolescentes de 17 anos pensar e questionar inúmeros assuntos que eu mesma não tive a oportunidade de tomar conhecimento nessa idade. E isso aquece o coração. Vou criar coragem para no último dia de aula com o James lhe dar um abraço e agradecer por todas as aulas incríveis, por todas as histórias, por todas as risadas e por todo amor pela educação que despertou ainda mais em mim.
Foi por esse e por outros professores lindos que decidi continuar. Foi por pensar no quanto me faria falta as aulas de sábado, nas tantas horas que passo lá mas são sempre muito agradáveis, pelo fato de aprender tanto mesmo as aulas sendo corridas e que passam tão tão tão depressa. É pela Fer, amiga do coração que conheci no cursinho, que eu decidi continuar, pois sei que preciso lhe dar força, assim como ela me dá. As meninas pra quem guardamos lugar todos os sábados, pois assim poderemos ficar juntas nas primeiras fileiras, estudando e batendo papo.
Eu sei que vai ser tenso, que existirão sábados em que eu não sentirei a mínima vontade de ir, que me faltarão forças e sobrará cansaço, mas eu vou continuar por eles, por mim, pelo meu tão sonhado curso de Pedagogia que será alcançado, de alguma forma ou de outra. Vou continuar e insistir, mesmo que me faltem forças, pra que um dia eu possa fazer diferença na vida de alguém, assim como esses professores e todos aqueles de verdade que tive na vida, fizeram na minha.
Let's Go!

Comentários

  1. Parabéns pelo blog Raúla !
    gostei muito..
    :-)

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  2. Desculpe mas não pude deixar de comentar novamente ao descobrir que você também é uma fã de Austen! prazer conhecer suas histórias Raúla gostei muito.

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